quinta-feira, 5 de abril de 2007

Guia de compras: navegadores web

Por David D. Janowski

Se os browsers são gratuitos, por que escrever um guia de compras? Porque, a não ser que seu tempo não tenha nenhum valor, poucas coisas são realmente gratuitas. Usar a ferramenta errada para cada trabalho pode custar muito e esse é o caso quando a questão é o acesso à internet, seja para lazer, estudo ou negócios. Assim, o momento para produzir um guia como esse não poderia ser melhor. Três dos browsers mais conhecidos disponíveis para Windows lançaram novas versões nos últimos meses: Opera 9, Firefox 2 e Windows Internet Explorer 7.

Qualquer um dos três serve para as necessidades básicas. Isso não quer dizer que você não vai encontrar problema em alguma página ou site, mas geralmente a causa não está no navegador. Sites com código não padronizado levam a resultados não padronizados. Às vezes, no entanto, esse código existe por uma razão: compatibilidade com o IE6. Para lidar com esses exemplos, todos os três browsers mais avançados usam a ironia para funcionar: eles atuam como se fossem obsoletos. Se parte do ou todo o site não é mostrado de forma apropriada, você pode instruir o browser (via configuração ou um plug-in) a fingir ser o IE6. Com sorte, a página ou páginas irá renderizar como deveriam.

Os produtos avançaram bastante em termos de segurança. O Firefox e o Opera têm proteções que ficam relativamente quietas a menos que detectem algo suspeito. O IE7 manda avisos de texto, uma barra de informação que usa várias cores para indicar os níveis de segurança e, na versão Vista, uma integração com recursos de segurança no SO. Todos os três usam secure sockets layer (SSL) para criptografar o tráfego sensível, como quando você faz compras online.

Siga o líder?

Os três browsers compartilham várias outras características. Mas para determinar qual dos três é o melhor para você, é preciso conhecer as diferenças. É certo que a Microsoft ainda domina esse jogo : apesar de o Firefox ter ganhado espaço, o IE6 possui mais de 80% do mercado. O Windows Update poderia até aumentar esse número, considerando que milhões de assinantes vão encontrar o IE7 disponível como uma instalação opcional. É claro , se o esperado novo SO da Microsoft estiver disponível em janeiro de 2007, como esperado, as cópias do IE7 para Vista encontradas em um número incontável de máquinas farão uma grande diferença.

Por que isso importa para a sua escolha? Conveniência e a vantagem de usar o mesmo produto que a maioria do público. Apesar de nós na PC Magazine termos falado mal da empresa por causa da lerdeza e dos vários problemas encontrados no beta, no final, eu acho que os desenvolvedores criaram um produto sólido que representa um grande avanço sobre o remendado IE6. Dito isto, no entanto, quando eu estou a fim de testar coisas novas, prefiro o Firefox e o Opera.

Forças em desenvolvimento

A engine de renderização de um browser pega o conteúdo da página – que pode incluir HTML, XML, arquivos de imagem e muito mais – e aplica a formatação baseada em um conjunto de instruções codificadas na página (geralmente em um formato conhecido como Cascading Style Sheets ou CSS), resultando no que você vê.

Cada um dos três produtos tem uma engine diferente: Gecko no Firefox, Presto no Opera e Trident no Internet Explorer. Mas quanto mais aberto o código da engine, maior o interesse do desenvolvedor e, conseqüentemente, mais aplicativos disponíveis. O Firefox lidera aqui, com mais de 2.000 extensões ou add-ons de vários tipos. O Opera, apesar de ainda usar código proprietário, distribuiu APIs para desenvolvedores criarem widgets – seu termo para estes mini-aplicativos. O IE7, com seus atrasos no desenvolvimento, é o que tem menos extras.

Um toque de classe

Problemas de renderização e erros estranhos impediram que o Opera ganhasse a Escolha do Editor desta vez, mas você vai gostar muito da versão 9, a mais recente do corajoso browser norueguês independente. Se você pudesse converter um carro de turismo europeu em uma ferramenta da web, você se encontraria cruzando a Autobahn da informação em um carro esporte. Como seu alter-ego de quatro rodas, o Opera consegue ser ao mesmo tempo compacto, potente, elegante e ter boa resposta. Ocupa pouco espaço e não exige muito do sistema, mas tem recursos úteis, reage com rapidez e apresenta a interface mais sofisticada e limpa entre todos. Eu também fiquei impressionado de que esta versão tenha abandonado a configuração “ei, eu sou o IE6” como padrão. Bravo, Opera! Você verá mais páginas que parecerão erradas, mas aproveitará todas as vantagens do poder do browser (e é muito simples mudar de modo).

Navegação chata

O primeiro beta do Safari (só para Mac) inovou em relação aos produtos existentes no mercado na época (janeiro de 2003) e teve a mesma repercussão, naquele momento, que o Firefox está tendo nos últimos 18 meses. O então novo browser era mais rápido do que o IE para Mac. Mas, apesar de permanecer relativamente seguro e com recursos como tabs e suporte a RSS, eu não vi nenhuma inovação. Fico me perguntando o que acontece na Apple. Eu fiz o upgrade para a última versão do Firefox no Mac e não parei de usá-lo.

Nada de Netscape?

Sim, ele ainda existe. A companhia canadense Mercurial Communications desenvolveu a última versão, chamada Netscape Browser, para a America Online (que é dona da Netscape.com). Mas desde o beta de 2005, o antigo rei não mudou muito e as resenhas da nova versão não foram muito entusiasmadas. Menos de 1% dos usuários da web usam o Netscape e esse número deve continuar a diminuir.

Firefox pegando fogo

A Escolha do Editor passa do Firefox 1.5 para o Firefox 2.0. Você não vai encontrar muitas tecnologias novas nesta versão, mas se entender o que artesãos e engenheiros sabem há milênios – que é importante melhorar o que você tem – este é o seu browser.

Consumidores e usuários avançados continuarão a aproveitar a flexibilidade bem como os muitos add-ons e extensões disponíveis (mais de 2.000, da última vez que contamos). Recursos de restauração de sessão (que automaticamente volta às páginas abertas anteriormente quando reiniciar depois de algum problema) e de anti-phishing, estão entre as principais novidades. Um novo gerenciador de sistemas de busca permite ver quais estão instalados, adicionar outros, apagar os existentes e mudar entradas. Uma seleção sob o menu Ferramentas melhora o gerenciamento dos seus add-ons, extensões e temas.

Melhorias na usabilidade tornam a vida consideravelmente mais fácil. Por exemplo, as abas ativas agora apresentam um ícone para fechá-las individualmente e você pode reabrir as abas fechadas acidentalmente clicando no item Reabrir aba no menu Histórico. Além disso, o Firefox 2.0 está em 35 línguas (cinco das quais possuem dois dialetos) e pode rodar no Linux, Mac OS X e Windows.


Firefox 2.0

Você não vai encontrar uma tonelada de novos recursos nesse upgrade basicamente evolucionário, mas o Firefox continua o melhor navegador no geral. É possível escolher entre as versões para Microsoft Windows, Mac OS X e Linux em 35 línguas (cinco das quais possuem dois dialetos). Uma grande coleção de add-ons e extensões permite aumentar muito os recursos do browser. Um novo gerente de add-ons – um dos vários recursos inclusos na versão 2.0 – permite ver e controlar esses applets extras. Um corretor ortográfico nativo ajuda a evitar erros de digitação quando você completa formulários, um filtro anti-phishing evita scams e, se o browser fechar, um recurso de restauração de sessão traz de volta as páginas que estavam abertas.

Gratuito, Mozilla Foundation, www.getfirefox.com. Nota: ****
Escolha do Editor


Não culpe o browser

Em 1996, a web era um lugar mais simples. As páginas estáticas dominavam e muitos escreviam o código HTML na unha. Naqueles dias, você podia construir uma página como faria com uma casa, depois veria se ela ficou boa. Quando o resultado parecia igual ao do original no papel, você continuava, certo de que os browsers iriam renderizar corretamente o que você tinha feito.

A coisa mudou agora. Os consumidores de conteúdo têm idéias diferentes. Suas expectativas levam e são levadas a páginas bonitas que competem entre si. Os browsers de hoje precisam reconhecer uma grande quantidade de padrões, especificações e tecnologias web representadas por uma sopa de letrinhas: ASX, CSS2, JSP , SOAP, VRML, XHTML, XML – a lista parece interminável.

Os pioneiros da internet sentiram como ia ser o futuro e, em 1994, criaram o World Wide Web Consortium (W3C) num esforço para garantir a interoperabilidade dos componentes web. Mas só recentemente a árvore plantada começou a dar frutos, já que a organização precisou enfrentar vários desafios.

Nenhuma empresa ou grupo tem toda a responsabilidade, mas, justo ou não, a Microsoft tem sido acusada de ter a maior parte da culpa. Os 80% ou 90% de mercado que o IE6 teve por anos fez com que ele se transformasse no padrão de fato. Ao contrário de aderir aos acordos gerais ditados por um organismo como o W3C, os designers e desenvolvedores tinham que criar páginas que rodassem no IE6. Oficialmente, a Microsoft apoiava o W3C, mas o código da empresa apresentava vários empecilhos.

Independente da causa dessa complexidade e dos conflitos, elas deixam os desenvolvedores de sites e browsers lutando para descobrir por que uma página especial não consegue ser mostrada corretamente. Normalmente, a falha não está no browser, mas no design, no código da página ou na falta de aderência de Redmond às especificações.

De qualquer forma, os dias de pioneirismo da internet acabaram em fronteiras sem lei. Mas o progresso – estradas de ferro, por exemplo – domaram o Velho Oeste e podem fazer o mesmo na Velha Web. A equipe da Microsoft que está criando o Expression Web, um produto para design e desenvolvimento web que irá substituir o Front Page, tem um blog. Um post recente do líder da equipe, Erik Saltwell, usou a palavra standard (padrão) sete vezes. Talvez todos aqueles browsers e componentes web competindo irão finalmente andar no mesmo trilho.

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