quinta-feira, 5 de abril de 2007

Observando Os Funcionários

AS EMPRESAS ESTÃO CADA VEZ MAIS OLHANDO para seus funcionários como se fossem seus filhos e filhas rebeldes. Embora os defensores da privacidade estejam há muito tempo preocupados se o governo vai se tornar o Big Brother de Orwell, é o mundo corporativo que está adotando a tecnologia rapidamente para monitorar seus funcionários.

Para ser justo, embora os funcionários gerem receita, seus hábitos de trabalho online podem rapidamente causar problemas para a empresa, seja por ver conteúdo ofensivo, por enviar e-mails inapropriados ou por abrir conteúdo não-seguro. Mas essa questão é uma bola de neve. A grande maioria dos funcionários pode prontamente admitir que as empresas têm o direito de bloquear sites não-seguros ou inapropriados, mas é muito improvável que eles estejam confortáveis com até onde seus empregadores foram.

Mais de três quartos de todas as empresas estão monitorando a atividade de seus funcionários na internet e dois terços estão usando software para filtrar e bloquear websites inapropriados da mesma forma como elas bloqueiam chamadas telefônicas para determinados números, de acordo com um estudo de 2005 conduzido pela American Management Association. Quase dois terços das empresas também monitoram rotineiramente os hábitos de navegação na internet de seus funcionários e mais de um terço guarda e monitora e-mails, além de gravar os toques de digitação. Esta prática ganhou destaque após o escândalo com a HP, que acessava as ligações telefônicas da diretoria da empresa e de nove repórteres externos sem autorização. (Veja o quadro ao lado para mais informações sobre o que fazer e o que não fazer ao usar o computador e a conexão de internet no trabalho.)

O nível de monitoramento pode ser tão simples quanto o acompanhamento dos arquivos de log que o tráfego em uma rede corporativa invariavelmente cria. Ou ele pode envolver técnicas mais especializadas, tais como um keylogger (um pequeno dispositivo que se liga ao teclado e grava todos os caracteres digitados) e programas de auditoria de dados, que gerenciam as várias mídias no PC de um funcionário, rastreando os dados que o funcionário tenta copiar.

Até onde algumas empresas monitoram seus funcionários às vezes parece ser motivado pela pressão mais recente do marketing de firmas ligadas à segurança de conteúdo, que visa mais a limitar as ameaças à produtividade do que à segurança em si. Em uma pesquisa recente, uma empresa advertiu que 1 entre 50 websites que os funcionários acessavam estava relacionado à busca por um emprego novo ou uma casa nova. Os dados não contam toda a história, no entanto. Os funcionários que fazem buscas nesses tópicos são provavelmente os mesmos que vêem um grande número de páginas. Então, a porcentagem real de funcionários envolvidos pode ser até dez ou mais vezes menor. Além disso, é muito improvável que este tipo de site leve a um número desproporcional de ameaças de segurança.

Os funcionários têm pouco a fazer para se proteger do monitoramento. Ao trabalhar para uma empresa e ao concordar com as suas políticas com relação à informação da companhia, o funcionário dá margem para que tal monitoramento aconteça. Além do mais, as cortes americanas têm repetidamente reafirmado o direito dos empregadores de monitorarem suas equipes.

Com o rápido desaparecimento da divisão entre trabalho e casa, as empresas estão cada vez mais vulneráveis a casos de funcionários trazendo vírus e Trojans para o escritório em laptops ou dispositivos de armazenamento. O outro lado da moeda é que os funcionários têm, cada vez mais, que se preocupar com as espiadelas de seus empregadores em suas vidas particulares por meio de suas medidas de segurança e monitoramento.

FUNCIONÁRIO: O QUE FAZER E O QUE NÃO FAZER
• Procure evitar ao máximo enviar e-mails pessoais do trabalho.
• Não abra anexos enviados para seu e-mail pessoal.
• Não baixe ou instale programas ou aplicativos nas máquinas da empresa.
• Não armazene suas músicas e fotos em um computador (ou servidor) da empresa, nem assista a vídeos.
• Se você trabalha de casa, use o laptop da sua empresa.

PEGO COM A MÃO NA MASSA
Empresas estão cada vez mais monitorando as ações de seus funcionários na medida em que a Internet — tanto para o trabalho como para o lazer — se tornou parte relevante do serviço.

EMPRESAS
76% monitoram as conexões à web de seus funcionários
65% bloqueiam sites inapropriados
50% armazenam e analizam os arquivos dos computadores dos funcionários

FUNCIONÁRIOS
61% usam a internet do trabalho para propósitos pessoais
92% acreditam que a empresa tem o direito de filtrar
12% receberam possível spyware enviado por amigo ou colega de trabalho

Fonte: Pesquisa sobre Monitoramento Eletrônico e Vigilância 2005, da American Management Association, e pesquisa Web@Work, da Websense.

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