quinta-feira, 5 de abril de 2007

Vivendo em um mundo irreal



Como o There.com, Second Life é um universo alternativo online, um mundo virtual 3D que só existe na internet. Usando seu próprio avatar 3D, você pode ter, sim, uma segunda vida, imitando tudo, de uma noite na cidade a uma carreira como vendedor de casas. É uma forma de interagir com outras pessoas, mas também é uma forma de construir uma nova personalidade. Se você levar a sério, dá até para ganhar algum dinheiro.

No geral, a aparência do serviço é muito parecida com a do There.com, combinando os gráficos 3D de um jogo de tiro em primeira pessoa com a dinâmica de diálogos de uma sala de bate-papo online. A diferença é que Second Life é um serviço muito maior, com uma economia virtual que está tendo um impacto nas contas bancárias do mundo real. Nos últimos 60 dias, de acordo com a empresa, mais de 700 mil pessoas usaram o serviço e pelo menos um usuário afirma ter feito mais de US$ 1 milhão vendendo bens e serviços virtuais.

Parece ridículo? Talvez seja. Mas a questão é que Second Life afetou uma parcela significativa da população. O site começou com a mesma idéia básica do There.com, mas seus usuários – com controle quase total sobre a criação de conteúdo – levaram o serviço a um outro nível. Os gráficos não melhoraram, mas há mais possibilidades.

O serviço básico é gratuito. Ao assinar, você escolhe um avatar a partir de várias animações prontas e, em minutos, você é jogado no mundo virtual de Second Life, livre para andar pelos quase 250 “quilômetros quadrados” de gráficos 3D sem pagar um centavo. Second Life é constituído por três locais principais e milhares de pequenas ilhas, todas cheias de pessoas querendo socializar – ao menos no sentido virtual. Quando você anda até alguém, é possível começar a trocar mensagens de texto, como se estivesse usando um programa de mensagem instantânea.

Second Life dá a liberdade para mudar seu avatar. Você pode se transformar em quase qualquer pessoa que quiser. Dá para mudar suas roupas, cabelo e até mesmo pele. Dá para arriscar um pouco mais do que no There.com, já que Second Life só pode ser acessado por maiores de 18 anos (embora haja uma versão “segura” para os adolescentes, Teen Second Life).

Dólares Linden

Na versão mais básica, Second Life serve como um tipo de sala de chat com esteróides. Mas se você quer realmente ter uma segunda vida, vai precisar dos dólares Linden, moeda virtual que leva o nome dos criadores do serviço, o Linden Labs. Com dólares Linden, você pode comprar qualquer coisa, de roupas e comida a terras, tudo virtual.

Quando você cria uma conta, vai receber 250 dólares Linden simplesmente ao entrar com o seu número de cartão de crédito. Você não tem que pagar nada, mas a empresa sabe que, tendo seu número, será mais fácil cobrar no futuro. Se você quiser mais dólares Linden, pode comprá-los a qualquer momento. Por US$ 9,95 mensais, você também pode assinar uma conta premium que dá 300 dólares Linden por semana.

Nesse mundo virtual, o câmbio pode mudar – sim, é verdade – mas por enquanto, US$ 1 vale 270 dólares Linden no mercado aberto. Ninguém assina uma conta premium somente pelos dólares Linden. Ao contrário, fazem isso para ganhar acesso a terrenos. Mudar para uma conta premium é a única forma de comprar terras em Second Life. Nós todos sabemos como a terra é importante. Quando você a compra, é possível construir uma casa, mobiliá-la, encher a geladeira e convidar os amigos para comer. A compra de terras permite ter uma âncora no mundo virtual. De outra forma, você sempre será um espírito vagando.

O interessante é que você também pode ganhar dinheiro nesse mundo virtual. A Linden Lab criou o ambiente 3D básico, mas, na verdade, Second Life é construído por e pertence inteiramente aos seus habitantes. Quando você compra terras, também é possível vender com lucro. Também dá para montar e vender todo tipo de bens e serviços. A Linden criou ferramentas 3D simples para criar quase tudo.

As ferramentas de design são incrivelmente simples. Você começa com formas geométricas “primitivas” e pode colori-las, mudar a textura, colocar uma imagem JPEG, aumentá-las, juntá-las e muito mais. Dá para construir qualquer coisa, de uma mariposa a um mausoléu. Inserir comportamentos vai precisar de alguma noção de programação – a Linden oferece sua própria linguagem de script parecida com Java – mas com algumas poucas linhas de código, você pode instruir seus objetos a se moverem, tocar música, responder a comandos, entre outras coisas.

Você pode ficar com o que fez ou vender. As possibilidades são quase infinitas. Com uma movimentação de US$ 650 mil por dia, é óbvio que vários indivíduos e até empresas estão usando Second Life para ganhar dinheiro, e inúmeras empresas se instalaram por lá.

Os gráficos 3D de Second Life estão no mesmo nível do There.com, mas quando eu rodei o serviço em um laptop médio, parecia ser mais lento do que o concorrente. Os requisitos do sistema são bastante pesados e a Linden é bem específica em relação à placa de vídeo compatível. Você pode ter problemas se não estiver usando uma placa mais nova da nVidia ou da ATI. Também vale a pena notar que, ao menos por enquanto, Second Life não vai rodar em máquinas com placa ATI e Windows Vista. A ATI ainda precisa liberar os drivers OpenGL para o novo sistema operacional.

Second Life
Gratuito (conta básica). Linden Labs, www.secondlife.com.

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